segunda-feira, 20 de julho de 2009

PECHINCHA!!!!!!!!


Essa é para você, inglês, que não sabe o que fazer com o seu lixo!

O Brasil é o paraiso para tudo aquilo que não tem mais serventia no reino dos Beatles.

Por apenas, eu disse apenas 35 centavinhos o quilo, você desova seus dejetos em terras tupiniquins e com toda a comodidade. Tudo dentro de conteineres, na mais alta tecnologia. Seu lixo chegará são e salvo.

O preço o Ibama garante!

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E copa 2014 neles!!!!!!!!!

sábado, 18 de julho de 2009

1, 2, 10, 4.500


A gripe H1N1 está aí. O Brasil já está com seu oitavo morto (escrevo na sexta-feira, 17 de julho, 19h). Muito provavelmente, segunda-feira, este valor terá subido para duas casas decimais.

Na Argentina já somamos mais de 100 mortos. Assim como em outros países, os óbitos estão aumentando na mesma proporção que o medo e o pavor da população.

Agora pense comigo. Já pensou se a situação escapa de controle e passamos a ter essa quantidade de mortos por dia? Segunda, 100 mortos. Terça, 200. Quarta, 300... Imagine agora 1.000 mortos por dia! Para onde você correria? Talvez, pela primeira vez, aqueles bunkers subterrâneos contra ataques nucleares, da época da guerra fria, tivessem algum valor. Levaria minhas camisas do Flamengo, meu gato, meu cachorro... talvez a vizinha do terceiro andar (que a minha esposa não me leia).

Imaginou? Pode parar, pois isso acontece diariamente. Aconteceu ontem, hoje e amanhã fatalmente ocorrerá. Só que aonde se lê "gripe H1N1" troque por "tuberculose".

E aonde se lê "1.000 mortes diárias" aumente para 4.500 no mundo.

Tenho certeza que se eu bater lá no apartamento da minha vizinha ela vai dizer exatamente isso: - "Ir para onde? Quantos morreram? De quê?"

Passam-se os dias, as mortes vão se acumulando mas ninguém sai correndo. Nem William Bonner, nem Lula... nada, ninguém fica alarmado a ponto de tomar uma atitude real para combater o problema.

Mas bastaram 8 mortes por H1N1 e o rebuliço se formou. Tudo porque esses 8 podem viajar para o exterior, podem estar no mesmo restaurante que o governador ou o prefeito, podem até mesmo encontrar com o William Bonner, quem sabe.

O dia em que procurarmos abrigo ou nos mexermos de verdade porque 4.500 pessoas estão morrendo a cada 24 horas, neste dia saberemos que as pessoas serão vistas como iguais. Sem olhar primeiro para a etiqueta da roupa ou para o cheiro do arroto do almoço ( se é que houve almoço).

Vamos lá, faça a sua lista. Mas a vizinha - vou adiantando - eu vi primeiro.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Somos todos Sarneys


Vou de metrô para o trabalho todos os dias. Não tenho carro e nem quero ter.

Quando chove é uma porcaria, mas em todos os outros dias tenho a oportunidade de observar o comportamento de todo o tipo de pessoa.

Nesta semana me deparei com um problema que, a julgar pela quantidade de vezes que se repete, deveria ser controlado pelo exército ou pela NASA: ceder o lugar reservado a idosos, portadores de deficiências ou gestantes.

Tem um adesivo colado no vidro, de quando em vez a voz do metrô nos lembra dos assentos especiais, ou seja, sendo cego ou surdo não tem desculpa de não saber da existência de tais assentos preferenciais. Aliás, se você for cego ou surdo muito provavelmente estará sentado por lá.

Ocorre que a viagem corria tranqüila (se é que superlotação pode ser colocada no rol de situação tranqüila) quando de repente um bate boca começa. De um lado um senhor de idade, em pé, reclamando. De outro, várias pessoas sentadas nas tais cadeiras preferenciais, dentre as quais uma ou duas pessoas jovens.

Nada de novo. Isto sempre ocorre. Uma ou outra pessoa se levanta e cede o lugar depois da bronca. No entanto a maioria finge que não é com ela e segue sua viagem normalmente.

Foi o caso deste relato, em específico. Os dois jovens nem se mexeram. Quem bateu boca com o senhor de idade foi uma mulher que defendia o fato de as pessoas terem o direito de se sentarem mesmo que aquele local seja preferencial a alguma parcela da população, seja grávida ou idosa.

Nesse momento me peguei com o seguinte pensamento: como podemos querer que o Brasil seja mais democrático, seja mais justo, dê mais oportunidades para todos? Como cobrar das autoridades impostos justos e serviços condizentes com as necessidades da população? Como querer ter nosso direito garantido, segurança ao sair na rua, tranqüilidade para ir e vir? Como exigir que o Sarney seja honesto e trabalhe para o povo? Como exigir que ele não contrate a neta aspirante a modelo para um cargo comissionado no Senado? Como se indignar ao saber que funcionários pagos com o nosso dinheiro estão trabalhando no Maranhão, em fazendas do Sarney?

Como querer e exigir tudo isso se não damos lugar aos mais velhos no metrô, independentemente se há placa ou lei ou bronca que nos force a esse ato espontâneo?

Temos todos o terrível hábito de apontar os defeitos e falhas dos outros sem olhar para a flunfa do próprio umbigo. Devemos sim exigir dos governantes, ladrões, safados, mulherengos ou sérios que cumpram com seu dever. Mas nunca seremos uma nação melhor se nós não mudarmos nossos hábitos mais pessoais. Se não praticarmos o respeito com o outro de forma verdadeira.

Amanhã tomo o metrô rumo ao trabalho novamente. Não há a menor possibilidade de me encontrar com o Sarney dentro de qualquer vagão. Mas se eu não me levantar para ele se sentar (sim, ele tem 71 anos) estarei cometendo igualmente os mesmos deslizes que ele.

Senta Sarney, senta.